Por Tadeu Henrique
De todos os que escreveram sobre os povos vencidos da América, Las casas se destaca como aquele que “ama os índios”. E no jogo das alteridades, ele é o que mais peleja pela causa indígena, apesar de motivos questionáveis, movendo-se sistematicamente contra os argumentos infundados de uma ideologia arbitrária que justificava o derramamento de sangue, a opressão descomunal, a escravidão e a violência cultural na inferiorização do nativo, reduzindo-o ao patamar de animal, desprovido de língua, cultura e valores.
Suas motivações são questionadas por ser um cristão que almejava a evangelização dessas etnias. Todorov não considera esse “amor” legítimo, pois , para ele, Las Casas renega a identidade desses povos, projetando um ideal de si sobre eles. Na verdade, ele via nos índios, cristãos em potencial. A crítica dessa atitude fraternal Lascasiana não se sustenta. Todorov exagera ao enxergar dessa maneira porque seu julgamento é carregado de preconceito contra o cristianismo. A legitimidade de um comportamento não está numa motivação que alguém posso considerar, arbitrariamente, espúria, mas na habitualidade dessa ação. Se existem intenções secundárias, a problemática parte para outro nível que não é interessante de ser discutido aqui, já que isso foge da alçada do historiador.
Todavia, é fato que Las Casas deixou bem claro seu desejo de evangelizar as ilhas e que tinha uma mentalidade colonial, pois se tratava de um homem do seu tempo, mas isso não invalida todo seu apreço e solidariedade que mostrou pelas nações indígenas. E mais, ele foi tão perspectivista, na sua apologia aos nativos que chegou “ao abandono do próprio discurso religioso”. A crítica é justa quando Las Casas tentar “impor sua verdade aos outros”, não percebendo que o outro, na qualidade de EU também, tem suas peculiaridades em seu nicho cultural.
0 comentários:
Postar um comentário